Hoje, quinta-feira, 29 de agosto de 2024, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, criado em 1986 pela Lei Federal 7.488 com o objetivo de conscientizar a população sobre os malefícios do tabagismo, como os danos sociais, econômicos, ambientais e à saúde.
O ato de se consumir tabaco é milenar, cuja história remonta a 5.000 anos antes de Cristo, inserido em nossa sociedade desde os primórdios da civilização ao ser mascado, usado medicinalmente como cataplasma ou misturado a outras ervas e plantas, evoluindo para o fumo e amplamente consumido em meados do século 17, para depois ser industrializado em 1880 com a invenção da máquina de enrolar cigarros.
Atualmente, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 1.25 bilhão de pessoas ainda fumam, o que ceifa a vida de mais de 8 milhões de pessoas todos os anos. No Brasil, 160 mil pessoas perdem a vida por questões ligadas ao tabagismo, o equivalente a 443 mortes por dia.
Mesmo com todas as informações disponíveis, campanhas de conscientização, alertas de saúde, proibições de consumo em ambientes coletivos fechados e a certeza da sociedade de que é um dos atos mais prejudiciais à saúde legalmente disponíveis, as pessoas ainda fumam em larga escala.
Os motivos são vários. Algumas pessoas estão mais dispostas a correr riscos do que outras, o que explica também a busca de ações mais perigosas, como o consumo de drogas e álcool ou simplesmente correr no trânsito ou pular de paraquedas. Também há a influência do ambiente ou da sociedade, mesmo com a marginalização dos fumantes, isolados nos fumódromos e impedidos de fumar em muitos lugares.
Mas talvez o principal motivo sejam os benefícios do fumo e sua consequente dependência.
Sim, fumar traz benefícios, por mais que não desejamos admitir, os cigarros contém nicotina, substância que oferece sensação de prazer e relaxamento, melhora algumas funções motoras finas e a capacidade cognitiva e de memória, sendo usada até em pesquisas para tratamento de Alzheimer, sem contar seu papel social, de parar o dia para se fumar um cigarro ou se reunir com amigos para compartilhar um momento. Se fumar não trouxesse benefícios, ninguém o faria.
O problema é que o ato de fumar é viciante e o benefício inicial da nicotina é rapidamente substituído pela necessidade de continuar o consumo, feito da forma mais prejudicial possível, a queima.
Como disse Michael Russell, um psiquiatra e cientista pesquisador, pioneiro no estudo da dependência do tabaco e no desenvolvimento de tratamentos para ajudar fumantes a parar: “As pessoas fumam pela nicotina, mas morrem por causa do alcatrão“.
O cigarro causa problemas de saúde porque é consumido através da queima. Na verdade, qualquer coisa que seja queimada e inalada fará um grande mal, seja um cigarro industrializado ou um produto enrolado artesanalmente, assim como narguilés. Se você tragar e inalar fumaça, estará consumindo milhares de substâncias, muitas delas tóxicas e cancerígenas, entre elas o alcatrão e monóxido de carbono.
O Direta estabeleceu como missão mais fundamental a “diminuição das doenças e mortes causadas pelo fumo”. Note especificamente o uso da palavra “diminuição” e não “erradicação”, além do palavra “fumo” e não “nicotina”.
Admitir que não vamos conseguir acabar rapidamente com as doenças e mortes ligadas ao fumo é o primeiro passo para não depender exclusivamente de pensamentos antiquados, como a abstinência completa, alternativa ideal na teoria, mas muito difícil de se alcançar na prática.
Milhões de pessoas continuarão fumando, sem data para parar, por mais que tentemos convencê-las do contrário. É preferível ajudar as pessoas a reduzir danos agora, do que tentar eliminar totalmente esses danos em um futuro inalcançável. Isso é o que tem nos ensinado os países que adotaram os cigarros eletrônicos como alternativa para consumo de nicotina e por este motivo que apoiamos que estes produtos tenham o comércio permitido e controlado no Brasil.
Desde 2003 os cigarros eletrônicos apresentaram uma forma de consumo da nicotina através da vaporização, que é muito menos prejudicial quando comparada com a queima dos cigarros.
Aqui entra nosso foco contra o fumo, não a nicotina, pois os dados e evidências científicas que já temos, nos mostram que a regulamentação dos cigarros eletrônicos como produtos de consumo para adultos fumantes, têm trazido a maior diminuição do tabagismo da história, nos países que escolheram adotá-los como produtos de consumo.
É verdade que esses consumidores continuam consumindo nicotina, mas a troca massiva dos cigarros convencionais pelos eletrônicos está sendo acompanhada pela diminuição das doenças e mortes atreladas ao tabagismo, mostrando que a redução de danos é real e significativa.
O “combate ao fumo” deve ser inteligente e prático, com foco nas pessoas e em resultados reais, não em discursos e na defesa de ideologias que não resolvem nada. Hoje no Brasil há uma campanha difamatória contra os cigarros eletrônicos que não encontra base na ciência, compartilhando desinformação e convencendo as pessoas que os produtos são tão ou mais prejudiciais do que fumar, o que infelizmente, pelo caráter proibitivo das regras atuais, é muito provável que sejam, não porque isso seja uma característica dos produtos, mas porque tudo que é consumido no país vem do mercado ilegal, controlado pelo crime organizado.
Sem nenhum controle sanitário, oferta de produtos falsificados ou que não seguem regras de fabricação, o brasileiro não tem o mesmo direito de quem vive em um dos mais de 80 países que já decidiram controlar o comércio desses produtos. Por aqui, os produtos podem estar contaminados e são oferecidos para menores de idade, deixando de arrecadar bilhões em impostos e causando prejuízos na saúde e no bolso do país.
Parar de fumar é um desafio para milhões e as ferramentas disponíveis até então, como adesivos, gomas de mascar, remédios e outros tratamentos são pouco eficazes. De acordo com dados de vários países, como Estados Unidos, Inglaterra, Nova Zelândia e Suécia, os cigarros eletrônicos têm demonstrado um índice de sucesso muito superior, ajudando milhões a parar de fumar e oferecendo riscos muito menores.
Devemos encaramos o problema de forma técnica, científica e pragmática, para ajudar na criação de políticas de saúde pública que funcionem. Um desses caminhos é apoiar o Projeto de Lei Nº 5008, de autoria da Senadora Soraya Thronicke, que pretende estabelecer regras claras e rígidas para a fabricação, comercialização e uso dos cigarros eletrônicos no Brasil.
Neste Dia Nacional de Combate ao Fumo, o presidente do Direta, Alexandro Lucian, também teve um artigo publicado no veículo Poder 360, que convidamos você a ler.
Vamos realmente ajudar as pessoas que fumam, sem viés ideológico, interesses comerciais ou políticos, façamos do mundo um lugar melhor, através da ciência, de dados concretos e da empatia com o próximo.